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O museu Tate Modern de Londres apresenta uma retrospectiva individual para cada uma delas — e as duas estão demais.  ‘Every Tangle of Thread and Rope’  em cartaz até 21 de maio, apresenta Magdalena Abakanowicz (1930-2017). Recomendamos demais a experiência de andar pela floresta suspensa de Abakans, nome dados às instalações esculturais criadas pela artista polonesa, vanguardista no uso de tecidos em esculturas e na criação de obras imensas e suspensas pelo teto. 

O passeio pelas obras de arte pode ser feito virtualmente pelo site da TATE (https://www.youtube.com/watch?v=Xrxx3tpEuco&t=345s) , por meio de vídeos com narração da curadora Ann Coxon, que ressalta as formas orgânicas, a grandiosidade, a leveza, apesar do peso, e as texturas das obras, mas não o cheiro. Sim, os Abakans feitos de tecidos, fibras naturais, cordas, têm um cheiro só deles. E alguns remetem à formas humanas, a exemplo de “Red Abakan” (1969), que se assemelha à uma vulva. O que isso quer dizer? O que você quiser ou sentir. 

A artista não gostava de colocar seu trabalho em palavras, dizia que todas as palavras dela estavam em suas obras, e que deixava o palavreado para o público, com quem aprendia muito. Muitas pessoas usam as palavras “casulo”  e “ninho” ao descrever as esculturas de Magdalena Abakanowicz , afirmam que as obras convidam a entrar e se acomodar no lado de dentro, para se proteger. Quando criança Magdalena Abakanowicz gostava de brincar de se “proteger” dentro de troncos ocos das árvores da Polônia.

Infância, formas orgânicas, formas do corpo, algum apelo ao ninho, origem na europa oriental, técnica autoral e inovadora, também estão no trabalho da eslovaca Maria Bartuszovás (1936-1996), igualmente em cartaz na Tate, em exposição homônima, até 25 de junho. Foi brincando com a filha, com bexigas e com gesso, que a artista descobriu, criou — e  depois desenvolveu —  a técnica ‘gravistimulated casting’, em tradução livre, ‘fundição estimulada pela gravidade’,  que é alcançada pela combinação do uso de gesso com balões de ar.

O resultado é incrível, e dá impressão de o gesso pode derreter ou, então, se moldar, ou ser moldado, com a mesma naturalidade que fazemos no sopro com as bolas de sabão. É mesmo impressionante e de uma fragilidade comovente. 

As esculturas parecem a estar um triz de escorregar, quebrar ainda mais, ou só quebrar ou ainda estourar. Lembram ainda cascas de ovos em ninhos, cascas de ovos deixadas por novas vidas, ou gotas de gesso, ou mais uma vez, bolhas, bolas de sabão com movimento. Quase nenhuma obra tem título, algumas são penduradas desde o teto, outras parecem flutuar no chão, e há as que fazem alusão a partes do corpo humano, como a obra  sem título de 1973, que a artista criou após seu divórcio e que pertence ao acervo da Galeria  Alison Jacques, de Londres. 

Cada uma das artes, artistas, obras  e exposições é singular, única e autêntica, obviamente.  E, nesse caso, ao mesmo tempo vanguardistas, femininas, orgânicas, com algo humano e algo fantástico e talvez uma vontade de ninho, de proteção e acolhimento. As duas escultoras nasceram, viveram e morreram na Europa Oriental, já dissemos. Inovaram. Colocaram texturas, leveza, fragilidade e força em expressões artísticas ao passo que também tiveram suas vidas diretamente afetadas por acontecimentos políticos (guerras, revoltas, revoluções , regimes políticos) que marcaram a história do mundo em que todas nós vivemos. Afinal, somos todas mulheres. E isso é muito.

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